O que é moda inclusiva e como ela está mudando o mercado de moda?
Um movimento que ganha cada vez mais força e voz, diante de uma demanda que sempre existiu, mas pouco se beneficiou. Estamos falando da moda inclusiva, que nada mais é do que a moda estar a serviço da diversidade de corpos e sua identidade.
A moda inclusiva é um chamado à ampliação desse mercado para que ele possa cumprir seu verdadeiro papel, afinal, roupa é uma necessidade básica de todas as pessoas, independente do seu tipo de corpo.
Mais do que isso, moda é identidade e pertencimento, então se há uma parcela da população que não consegue se sentir representada e incluída, é porque já passou da hora de marcas, mercado e todos os envolvidos do setor adquirirem uma nova mentalidade.
Pessoas com deficiência encontram inúmeras limitações para o vestir-se, assim como corpos fora do dito “padrão”: pessoas gordas ou magras, de baixa ou elevada estatura.
Pensar nessas particularidades do vestir, sem abrir mão do conforto e da beleza das peças é uma forma de humanizar marcas e tornar o mercado conectado com as reais necessidades de quem o consome.
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Moda inclusiva: primeiros passos
Pessoas com mobilidade reduzida ou outras deficiências existem desde sempre. Mas somente há poucos anos é que passaram a ser enxergadas de fato, principalmente pelo mundo da moda.
Apenas em 2014, há menos de 10 anos, uma mulher sobre cadeira de rodas entrou numa passarela, durante a Semana de Moda de Nova York. A psicóloga Danielle Sheypuk foi a primeira a viver esse feito. Ela abriu o desfile da estilista Carrie Hammer, exibindo as peças da profissional, junto com outras modelos deficientes.
A participação pioneira serviu para chamar a atenção do mercado sobre a existência das pessoas com deficiência e a urgente necessidade delas serem vistas como consumidoras.
Após esse momento, o fato se repetiu nas passarelas das semanas de moda de Londres, Moscou, Milão e Paris, marcando a expansão da moda inclusiva e o olhar das marcas para a representatividade, embora ainda haja um longo caminho a ser percorrido. Uma pesquisa da plataforma de busca de moda Lyst apontou que em 2019, a busca por marcas de moda inclusiva cresceu 80%.
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Como se adequar à moda inclusiva
Você já parou pra pensar em como pode ser difícil para uma pessoa com deficiência o simples ato de se vestir? Ou ainda, quantas adaptações nas roupas padronizadas são necessárias para que elas estejam vestidas de forma apresentável?
Os desafios são enormes, mas as soluções ainda são restritas. As marcas são agentes diretos de transformação dessa situação, na criação de peças que facilitam o vestir e tenham em vista a imensa diversidade de corpos que querem e precisam se vestir.
Sabemos que para marcas pequenas ou médias existe uma dificuldade maior de realizar ajustes em larga escala, sem comprometer suas receitas ou investimentos. Mas, com pequenos passos já é possível incluir e representar muitas pessoas.
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Listamos algumas soluções e adaptações que podem ser feitas para promover a moda inclusiva pelas marcas. Confira e veja o que se encaixa para a realidade dos seus negócios.
- Incluir pessoas com deficiência e de corpos diversos no ambiente de trabalho ou como protagonista de criações e coleções. A diversidade é uma ótima maneira de enriquecer o processo criativo.
- Pense na funcionalidade da roupa. Se limita, impede ou atrapalha a movimentação da pessoa, repense.
- Para pessoas com deficiência, a facilidade é um ponto e tanto. Zíperes laterais ou velcro são ótimas soluções.
- Já pensou em etiquetas que podem ser lidas por pessoas com deficiência visual? Adaptá-las para o braille é uma forma de promover autonomia a essas pessoas.
- Substituir os botões pelos de pressão, utilizar elástico na cintura de shorts e calças, pensar na localização das costuras, de modo que promova conforto para as pessoas que utilizam muletas, por exemplo são algumas possibilidades que mudarão completamente a rotina e a autoestima dessas pessoas.
- Incluir grades de tamanhos diferenciados facilita a vida de quem precisa promover grandes ajustes em peças comerciais.
- Pensar a moda e as peças produzidas com um olhar inclusivo não somente para os corpos, mas também para a acessibilidade financeira, promove a dignidade, já que utilizar roupas é uma necessidade de todas as pessoas.
Como é possível perceber, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que a moda seja, de fato, inclusiva, já que estamos falando de uma mudança estrutural de um mercado que ainda é embrionário para a diversidade.
Os primeiros passos já foram dados e o movimento segue ganhando mais espaço. Sua marca vai fazer parte dessa transformação?
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